Santa Catarina sabe fazer bons vinhosPor Lais Mezzari e Suélen Ramos Infografia: Joice Balboa
A Acavits representa os vitivinicultores dos 310 hectares de vinhedos do planalto catarinense e criou um comitê degustador, que atribui o selo da marca coletiva aos vinhos finos, produzidos com uvas viníferas. Lombardo diz que apesar de a maior parte da vinicultura catarinense utilizar uvas americanas e híbridas, que dão origem ao vinho de mesa, também de qualidade, a produção de vinhos finos de altitude está ganhando cada vez mais espaço. “As uvas européias originam bebida com maior estrutura, teor alcóolico e taninos, e tem destaque no mercado brasileiro. Neste ano, a produção nas regiões de altitude ficou em torno de 500 mil garrafas”. A fabricação de vinhos catarinenses de uvas viníferas começou há apenas cinco anos. De acordo com Lombardo, Santa Catarina tem grande diversidade vitivinícola, pois, além das regiões de altitude, a uva européia também é utilizada na produção das cidades de Tangará, Videira e Iomerê. “Em Urussanga produzem bons vinhos com a Goethe (tipo híbrido) e a bebida feita com uvas Niágara, no meio-oeste catarinense, já ganhou selo de qualidade da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina)”.
Início da vitivinicultura no Brasil e quem mais produz hoje Os imigrantes italianos que vieram para o Brasil em 1875, trouxeram a vitivinicultura – cultivo da uva e produção do vinho – para o sul do país. No início do século 20, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e o Vale do São Francisco, região que abrange Bahia e Pernambuco, passaram a ser importantes produtores de vinhos brasileiros. O cultivo de uvas européias e a profissionalização das técnicas nas vinícolas, iniciados há 30 anos, fortaleceu a atividade no país, e desde 1995, mais de dois mil prêmios já foram dados a vinhos brasileiros. Este ano, a comercialização de vinhos feitos no RS, maior produtor nacional, aumentou 3,66% no primeiro quadrimestre, cerca de 57 milhões de litros, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Além disso, só em junho deste ano, cinco rótulos da região do Vale dos Vinhedos, dos Municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, levaram medalhas de prata e bronze, em concurso na República Tcheca. A bebida gaúcha conquistou prêmios em outros nove concursos, na França, Espanha, Itália, Argentina e Canadá. Mesmo com a reconhecida qualidade do vinho brasileiro, o consumo dele no país ainda é baixo, chegando a apenas 1,81 litro por pessoa, segundo dados do Wine Institute. O maior consumo por pessoa no mundo está no Vaticano, onde cada um dos 932 habitantes bebe cerca de 66 litros de vinho por ano. Os franceses e italianos, mais tradicionais nesta cultura, consomem anualmente 53,22 e 47,99 litros, respectivamente. |