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Ressacas no Sul da Ilha

Por Jéssica Butzge

Casas destruídas, árvores derrubadas, e pedras por quase toda a faixa de areia. Esse é o cenário da praia da Armação e de parte do Campeche, em Florianópolis. Desde o mês de abril as ressacas marítimas atingem as duas praias do Sul da Ilha. Como medida emergencial, a prefeitura de Florianópolis iniciou uma obra de enrocamento (muro de contenção) com extensão de  1,75 km e 70.000 m³ de rochas. Na praia da Armação, 58 caminhões fazem quase 180 viagens diárias para o transporte das pedras.

Há divergências quanto a causa do desaparecimento da faixa de areia na Armação do Pântano do Sul. De acordo com o geólogo Rodrigo Sato, da diretoria do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) e voluntário da Defesa Civil, a situação irá se agravar se o molhe não for retirado. Para Sato, tanto a praia do Campeche quanto a da Armação estão sofrendo as consequências do desvio do rio Sangradouro. Com a construção do molhe entre a Armação e o Matadeiro, as correntes marítimas teriam sido alteradas e provocado a erosão. “É preciso atacar a causa do problema e ainda não vi nada ser feito em relação a isso”.

O secretário de obras de Florianópolis, José Nilton Alexandre, diz que o engordamento da praia será realizado logo após as obras emergenciais de construção do muro. As verbas que vão ser enviadas pelo governo federal devem chegar a quase 12 milhões de reais.

Já a diretoria da Defesa Civil de Florianópolis discorda da opinião de Sato. Embora os três laudos sobre a Armação, Barra da Lagoa e Campeche tenham sido solicitados pela instituição, eles não traduzem a opinião do órgão. Para a defesa municipal, a destruição de casas na praia do Campeche não tem relação com o molhe construído na Armação.

Alguns especialistas alertam ainda para o risco de salinização da Lagoa do Peri. Segundo o parecer técnico dos geógrafos Alexandre Felix, mestrando em Geologia Marinha e Geomorfologia Costeira da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e José Maurício de Camargo, a Lagoa do Peri poderá sofrer salinização, se além do enrocamento (construção do muro de pedras), não for feito o engordamento da faixa de areia de cerca de 150 metros e a reabertura do canal entre a Armação e o Matadeiro. A Lagoa do Peri é fonte do abastecimento de água potável para cerca de 113 mil pessoas. No Campeche, a Defesa Civil alega que as casas afetadas foram construídas em cima das dunas, o que impediu o vento de levar a areia da duna para dentro do mar.

Clique para ver as fotos das praias do Campenhe e da Armação do Pântano do Sul:


 

Histórico das Ressacas:

Abril: Devido a ressacas, casas da Armação do Pântano do Sul foram interditadas.

Maio: Novamente as ressacas afetaram a Armação, destruindo casas e um posto de salva-vidas.

Junho: No início do mês, residências no Campeche foram interditadas. A prefeitura de Florianópolis decreta situação de emergência para a praia da Armação. Obra de enrocamento é iniciada.

Veja a entrevista com Mário Franco, morador da Armação do Pântano do Sul:

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