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O sonho de brilhar no futebol

Por: Willian Reis
 
Ninguém duvida que o futebol seja paixão nacional e, mais que isso, inspire crianças e adolescentes de todo o Brasil. Não é difícil encontrar aqueles que, desde cedo, manifestam o sonho de ser um craque da bola, jogar no exterior e/ou na seleção, além de ter fama e muito dinheiro.

Aos oito anos de idade, o paulista Laércio Gomes já havia decidido que queria ser jogador. Ele afirma que a família sempre o apoiou, ao contrário de outros que insistem na carreira apesar da reprovação dos pais e dos conselhos para seguirem nos estudos.

Laércio, hoje com 20 anos e há três morando em Florianópolis, deixou a família em Caiabu, cidade localizada no interior de São Paulo, e joga como atacante na categoria sub-20 do Avaí. “De cinco em cinco meses, eu vou até a minha cidade visitar meus pais”, explica ele, que mora no alojamento do clube. O jogador já participou da Copa do Brasil e do Campeonato Catarinense desse ano com o time profissional. Ele tem contrato até 2012.

Natural de Caçador, meio-oeste de Santa Catarina, Ildemar Arigone, 19, está há três anos no time sub-20 do Avaí e tem contrato até 2011. “Como meio-campo, participei profissionalmente de jogos do Catarinense deste ano e cheguei a ser emprestado para o Guaratinguetá”, comenta.

O coordenador técnico do Avaí, Almir Gil, não revela valores, mas diz que os jogadores contratados recebem salário e os demais, uma ajuda de custo. Para os atletas que vêm de outras cidades, o Avaí oferece alojamento na própria Ressacada, estádio do Avaí, onde vivem cerca de 40 jovens.

As categorias de base do time são formadas atualmente por 120 jogadores, dos quais 70% são de fora da Grande Florianópolis. Para os alojados, o clube disponibiliza assistência médica, odontológica e social, alimentação e matrículas em escolas públicas da região. “Os gastos são altos porque contratamos profissionais de várias áreas para dar apoio aos atletas”, diz Almir.

Antônio Carlos Pereira é técnico do Sub-20 - categoria formada por 27 jogadores, dos quais 23 têm contrato com o Avaí. Ele diz que os treinos são, muitas vezes, mais intensos que os do time profissional. “Como os jovens têm muita energia e ainda estão em desenvolvimento, temos de exigir mais deles. Quando chegarem à categoria principal, já estão formados e, então, o ritmo de treino pode ser mais reduzido”, explica o técnico.

Os treinos, que duram cerca de duas horas, ocorrem de segunda a sexta-feira em período integral. Às vésperas dos jogos, geralmente aos sábados, são feitos em apenas uma parte do dia. A cada quantro meses, os jogadores são submetidos à avaliação física no Departamento de Fisiologia do clube.

Pereira, que trabalha em parceria com o preparador físico,  diz que o principal desafio na função é lidar com a falta de concentração de alguns atletas. “Os jovens se dispersam muito rapidamente e também esquecem com facilidade. O que aprendem hoje esquecem na semana seguinte. Mas eles têm muita qualidade. Em dois meses, notamos uma evolução na parte técnica e física”, garante.

O sonho dos jovens atletas é, sem dúvida, firmar contrato com o clube, mas nem todos têm a mesma sorte. No começo do ano, ocorre uma avaliação, e quem não atende às exigências do clube é dispensado. Para os contratados, há duas possibilidades: continuar no Avaí ou ser emprestado a outro time. “Como o futebol virou negócio, o esportista é trabalhado para custear, no futuro, as despesas feitas com ele”, afirma Almir.

O Avaí faz seleção para novos jogadores durante o ano inteiro. “O nosso problema hoje é o alojamento. Não temos mais vagas”, conta Almir, que reconhece a importância de investir em categorias de base. “Comprar jogador de fora custa caro, então o ideal é formar de quatro a cinco atletas no próprio time”, finaliza o coordenador.

Ouça a entrevista feita com o coordenador técnico do Avaí, Almir Gil: