Twitter   RSS   Facebook

 

PDF Imprimir E-mail
Sex, 13 de Novembro de 2009  11:51

A escrita dos que não vêem

Por Arianna Fonseca e Ana Carla Brito

Filho de Simon-René Braille, um fabricante de arreios e celas para montaria, Louis Braille nasceu em Coupvray, França, no dia 4 de janeiro de 1809. Aos três anos de idade, enquanto brincava na oficina do pai, Braille machucou o olho esquerdo com uma ferramenta do pai, gerando uma infecção que se alastrou para o outro olho. Com cinco anos ele era um portador de deficiência visual, mas isso não o fez desistir de seus estudos, já que tinha grande facilidade de aprender apenas através da audição. Por isso, recebeu aos 10 anos, uma bolsa de estudos de educação especial no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. Lá, conheceu Valentin Haür, o fundador, que já tinha criado um método de leitura em alto-relevo, porém, não obteve grande satisfação devido ao fato de que só se aprendia a ler, e não a escrever, já que os pontos eram costurados no papel.

Quando Braille tinha 12 anos, o oficial do Exército francês Charles Barbier de la Serre visitou o instituto e apresentou um novo jeito de ler e escrever: a “escrita noturna”, também conhecida como “serre”, formada por vários pontos e traços em relevo impressos em papelão. Esse sistema era usado na comunicação em guerra, quando não se podia utilizar a luz nos esconderijos. Braille aprendeu esse método e quis simplificá-lo, gerando então o famoso código de escrita e leitura destinado aos deficientes visuais: o código braile.

Com apenas 15 anos, Braille já lecionava no instituto e em 1829 publicou seu método, que só foi reconhecido postumamente. Faleceu de tuberculose, em 6 de fevereiro de 1852, aos 43 anos.

O método braile


Trata-se de um sistema de comunicação que consiste em seis pontos em relevo, possibilitando 63 combinações diferentes, dentre elas as 26 letras do alfabeto, os símbolos ortográficos como acentuação e pontuação, os algarismos, os símbolos utilizados na matemática, física e química, e até mesmo alguns símbolos musicais.

A construção de palavras obedece às mesmas regras da escrita convencional, sendo assim, difere do sistema da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que por sua vez, consiste em uma expressão completa, com todas as especificidades de uma língua. Já o braile é uma representação escrita que pode ser utilizada para vários idiomas.

“O Braille revolucionou a vida da pessoa cega. O surgimento do código é que trouxe o cego para a sociedade, porque antes o cego não era ninguém e depois do braile ele se tornou um cidadão”, diz Victorino Elima, que perdeu a visão em 2001, aos 17 anos de idade. O braile tem grande importância na vida do deficiente visual, pois é com esse sistema que ele consegue adquirir mais conhecimento. Apesar de ser pouco viável para a impressão, pois demanda três vezes mais folhas que uma impressão normal, ele faz parte da cultura do cego. É preciso treinar a leitura por meio do tato, para não depender apenas dos softwares disponíveis no mercado. São várias tecnologias apropriadas e destinadas para a inclusão do cego no mundo digital e que colaboram para sua autonomia.

Além de contar com a ajuda dos softwares, o deficiente visual tem a colaboração de diversas instituições. A Associação Catarinense para Integração do Cego, ACIC, é referência nacional nessa questão de habilitar, reabilitar e profissionalizar o cego.
 

O JavaScript está desabilitado!
Para ver esse contúdo, você precisa de um browser capaz de reconhecer JavaScript.