Twitter   RSS   Facebook

 

Morre aos 74 anos a cantora Mercedes Sosa
Seg, 05 de Outubro de 2009 14:20

Argentina decreta luto de três dias pela perda da cantora do folclore e da consciência política

Faleceu na manhã de domingo em Buenos Aires a cantora Mercedes Sosa, devido a complicações nos rins, fígado e pulmões causados por um quadro de desidratação e pneumonia que persistia há um mês. Sosa já estava internada desde o mês passado e respirava com ajuda de aparelhos. Colegas da música e da política, inclusive presidentes, manifestaram pesar e saudades da cantora em todo o mundo. A presidente argentina Cristina Kirchner decretou luto oficial por três dias.

"La Negra", como era lembrada por seus cabelos escuros, dedicou sua carreira a exaltar os temas folclóricos do seu país. Na década de 60 tornou-se militante do movimento de resistência à ditadura, quando passou a ser perseguida devido às mensagens de protesto contidas em suas canções.

Mercedes Sosa exilou-se na Europa, morando em Paris e Madri, voltou à Argentina nos anos 90, quando se tornou opositora do presidente Carlos Menem, apoiando Néstor Kirchner, seu sucessor. Mesmo com todo esse envolvimento, ela sempre deixou claro que a música era sua prioridade: "Se entrasse em política, teria que descuidar do mais importante para mim, que é o folclore", declarou em 2005. Para o presidente israelense Shimón Peres, Sosa encarnava a libertação da América Latina. O venezuelano Hugo Chávez também lamentou a morte da artista, dizendo em seu programa dominical que ela iluminava a vida dos latino-americanos.

A fama de Sosa no Brasil começou em 1976, quando fez dueto com Milton Nascimento. Trabalhou também com Caetano Veloso e Fagner. O cantor e compositor cearense lamenta não ter tido a oportunidade de cantar com ela uma última vez: "Lamento muito não ter feito um show com ela em Fortaleza, que era uma grande vontade dela". Por sua saúde frágil, a cantora acabou não lançando o último álbum Cantora (veja aqui a discografia), que traz participações de Caetano Veloso, Shakira e Juan Manuel Serrat, entre outros.

No final da manhã desta segunda-feira o corpo da cantora foi removido do Congresso onde estava sendo velado e levado, acompanhado com grande multidão, para o Cemitério La Chacarita, em Buenos Aires e lá, segundo sua vontade, será cremado.