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Mudanças no tempo em Santa Catarina

Por: Nayara D'Alama
Ilustração: Alexandre Maydana

A quantidade de chuva no mês de setembro bateu o recorde em várias regiões do estado. De acordo com o Epagri/Ciram, apesar de a primavera ser naturalmente uma estação chuvosa em Santa Catarina, os índices do mês passado nunca haviam sido registrados desde que as medições começaram a ser feitas. Em Campos Novos, no Meio-Oeste, onde a monitoria pluviométrica começou em 1913, foram registrados 488,6 milímetros de chuva em setembro ante os 194,4 milímetros habituais.

Veja na ilustração abaixo os índices por região:
mapa do volume de chuvas
Outro recorde quebrado foi a quantidade de chuva precipitada em um período de 24 horas. O maior índice registrado foi em Urussanga, no sul, onde choveu 114,9 milímetros em um dia. Em seguida no ranking ficaram Rio Negrinho, com 107,8 milímetros e São Joaquim, com 107,5 milímetros. Florianópolis também registrou o número inédito de 84 milímetros.

O Cotidiano entrevistou Mônica Lima, metereologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Mônica ratifica que temporais na região sul são normais nesta época do ano, e que apesar da intensidade fora do comum das chuvas de novembro de 2008 e do mês passado, não há como prever se o clima do estado está passando por mudanças.

Cotidiano: Estamos na época do ano em que costuma chover muito em Santa Catarina, como aconteceu no último final de semana de setembro. O que influencia o tempo nesta estação do ano?

Mônica Lima: A primavera é uma estação onde ocorrem fenômenos climáticos extremos, porque a atmosfera sai da condição de inverno para entrar na condição de verão. No final de setembro alguns fatores ajudaram a intensificar a chuva, como uma área de instabilidade vinda da Argentina, o El Niño - que é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico - e um fenômeno que começou a ocorrer recentemente, que é o aquecimento das águas do Atlântico na altura da região sul do Brasil. Somado a tudo isso teve a frente fria vinda do Uruguai. As chuvas são comuns, mas fatores como estes podem agravá-las.

C.: Foram estes mesmos fatores que causaram as chuvas de novembro do ano passado?

M.L.: Em 2008, as chuvas começaram depois da passagem de uma frente fria, e os ventos de leste que costumam soprar após estas passagens ficaram transportando constantemente umidade sobre o Vale do Itajaí o que ocasionou chuvas ininterruptas. As chuvas do ano passado não foram fortes, o que causou o estrago foi que elas foram constantes.

C.: Então pode-se considerar que as chuvas de 2008 estavam em acordo com as condições climáticas do estado ou elas fugiram à regra?

M.L.: O que aconteceu ano passado foi uma anomalia, está fora do padrão analisado nos últimos anos. Choveu muito acima do normal.

C.: Há previsão de chuvas como aquelas para 2009?

M.L.: Não podemos dizer com certeza se ocorrerá a mesma situação que em 2008, mas para este ano é esperado que chova acima do normal, sim, em especial em Santa Catarina e no Paraná. No entanto, não podemos descartar a possibilidade de chover muito no Rio Grande do Sul, também.

C.: O agravamento das chuvas na região sul é uma tendência que deve continuar nos próximos anos?

M.L.: Não podemos afirmar isso porque não temos parâmetros de comparação do clima no país. Analisamos o clima nos últimos 30 anos, então não se sabe se isso já aconteceu na região sul em toda a história.

C.: E pode ser feita alguma relação com o aquecimento global?

M.L.: Por causa desta falta de dados, não se pode afirmar isso. Mas também não podemos descartar esta hipótese.