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Museu do que não é lixo

Por Laryssa D'Alama
Fotos: Nayara D'Alama

Televisões, quadros, violões, cédulas, telefones. Muitas pessoas não sabem, mas há em Florianópolis um museu dedicado especialmente ao lixo recolhido pela Companhia de Melhoramentos da Capital - Comcap, no Itacorubi. O Museu do Lixo foi fundado em 25 de setembro de 2003 e logo se tornou referência entre as atividades de educação ambiental no estado, pois através dele são transmitidos aos seus visitantes mensagens sobre preservação da natureza e também sobre a quantidade – e qualidade – do material encontrado nas lixeiras.

A ideia de montar o espaço veio de Gilberto de Souza, gerente da Divisão de Destino Final, e o executor do projeto foi Valdinei Marques, que hoje o coordena. Um galpão, onde antes se fazia a triagem do lixo reciclável, foi esvaziado e cedido para o Museu. “Quando entramos lá havia somente um crucifixo na parede. Essa acabou virando a nossa primeira peça”, relembra Valdinei. Hoje, as instalações estão organizadas em ambientes diferenciados, montados e decorados com materiais reciclados.

Ao entrar no lugar é impossível não levar um choque com a quantidade e a variedade de objetos que existe lá dentro. São aparelhos de vídeo cassete, celulares, máquinas de escrever e de costura, ferros de passar. No teto, violões, guitarras e até um globo espelhado dividem espaço com um ambiente cheio de discos LP antigos e aparelhos de rádios dos mais variados tamanhos. Há também coisas inusitadas, como uma coleção de latinhas de cerveja, um álbum de casamento – incluindo o convite –, enfeites de natal, fantasias de carnaval, troféus, relógio-cuco e narguiles.

Valdinei é responsável por apresentar o Museu para os visitantes. Diariamente, a visitação é aberta para duas escolas, e a fila de espera é grande – aproximadamente 25 colégios estão com visita agendada. “O Museu do Lixo não é apenas uma exposição, mas serve também de espaço para a educação ambiental”, comenta Valdinei, que aproveita as visitas para dar uma aula teatral sobre cuidados com o meio ambiente.

Na quarta-feira, 7 de outubro, uma turma de 20 crianças da primeira série do colégio Sarapiquá assistiram o “show” dado pelo coordenador. A visita durou cerca de uma hora e depois das crianças darem uma volta pelo Museu, elas sentaram no chão para ouvir histórias de Valdinei sobre os objetos e pensar sobre a importância da reciclagem.

Depois ele colocou uma coroa e uma capa e se transformou no personagem “Reiciclagem”, que convidou todos os participantes para fazer um juramento: “Eu prometo que a partir de hoje cuidarei dos bichos, insetos, plantas, do ar, da água e do planeta. Eu me tornei um amigo da natureza e farei o mundo um lugar melhor de se viver.”

As crianças gostaram da aula. “Gostei de tudo, principalmente dos bonecos de sucata. Acho importante reciclar porque o lixo polui o mundo”, diz Maria Luiza Brito, de seis anos.

O coordenador do Museu diz que o objetivo dessa interação é fazer com que se reflita sobre o que é visto no Museu. “As pessoas pensam: será que preciso mesmo de MP3? Quando que isso vai parar no lixo? Elas tem que pensar na utilidade, na necessidade de ter tanta coisa”, diz, e de acordo com ele, as crianças saem do museu pensando diferente. “Elas enchem a cabeça dos pais delas, várias começam a reciclar o lixo em casa. Isso mostra que este trabalho vale a pena”.

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