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Qui, 06 de Dezembro de 2012 15:16

15 minutos para almoçar

Trabalhadores com jornada reduzida podem ter problemas de saúde

Texto: Ediane Mattos ( Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ) e Rafaela Blacutt ( Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
Arte: Merlim Malacoski ( Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ) e Rafaela Blacutt ( Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. )

O cartaz colado na parede da agência do banco Itaú diz: os dois funcionários que atendem o caixa trabalham das 10h às 16h e têm 15 minutos de almoço. Essa informação surpreende algumas pessoas: como assim apenas 15 minutos de almoço? 

Na verdade, neste caso, nenhum direito está sendo desrespeitado. De acordo com o médico do trabalho Dr Roberto Antelo, quando um funcionário cumpre uma jornada entre quatro e seis horas, ele tem direito a um intervalo mínimo de 15 minutos, seja para descanso ou alimentação. 

Embora legalmente os 15 minutos estejam corretos, esses trabalhadores precisam tomar cuidado com a saúde.  Comer depressa pode causar problemas de estômago como azia, gases ou refluxo, pois a mastigação inadequada faz com que os alimentos cheguem em grandes pedaços ao estômago. A absorção dos nutrientes também é prejudicada, já que o corpo não absorve as vitaminas e minerais necessários que acabam sendo eliminadas nas fezes. A pessoa ainda pode engordar, pois como demora para se sentir saciado acaba comendo mais do que precisa.
 
O tempo para fazer uma refeição varia de pessoa para pessoa. Um almoço completo pode levar até 30 minutos, mas ainda tem a digestão que dependendo da quantidade e qualidade do alimento ingerido, pode ser necessário até mais de uma hora. As empresas que dão o tempo mínimo de intervalo, devem fornecer refeições mais leves com uma quantidade de calorias estabelecidas pelo PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), o que facilita a digestão e permite o retorno ao trabalho em 30 minutos, porém isto ainda é longe do ideal do ponto de vista fisiológico.

Em um estudo publicado pelo The Journal  of  Clinical  Endocrinology  &  Metabolism, em 2009, cientistas descobriram que comer  em um ritmo moderado produz uma liberação mais acentuada do peptídio intestinal anorexígeno, hormônio que causa a saciedade.
 
“O ideal seriam pelo menos 30 mastigadas a cada garfada, mas vejo pacientes que fazem apenas cinco”, conta  a nutricionista Indianara Menchem. Isso faz com que a pessoa tenha um consumo alimentar excessivo, pois os hormônios que produzem a saciedade ficam prejudicados. 


Tempo de intervalo 

Quando o tempo de trabalho contínuo exceder seis horas, a pausa deve ser de pelo menos uma hora, e não pode exceder duas horas.

Se os tempos de intervalos não forem cumpridos o empregador terá que pagar horas extras ao funcionário. O Ministério do Trabalho é o órgão responsável pela fiscalização das leis trabalhistas nas empresas, e caso seja flagrada alguma irregularidade, a firma deverá pagar uma multa num valor entre R$86,06 e R$8606,73 que deve ser dobrado a cada reincidência.

“A maioria dos acidentes de trabalho ocorrem no final de expediente e principalmente quando o trabalhador está cumprindo horas extras”, afirma Roberto. Por isso, as regras sobre limitação de jornada de trabalho, que incluem os intervalos, têm o objetivo de garantir a saúde física e mental do funcionário, para evitar o cansaço e consequentemente haver menores riscos de incidentes.