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O jardim que ninguém vê

por Diego Cardoso

A Praça da Cidadania - localizada em frente ao prédio da Reitoria da UFSC - é ponto de passagem diária de professores, estudantes, funcionários e visitantes. O que muitos não sabem é que o projeto original do jardim foi desenvolvido por um dos melhores paisagistas do mundo, Roberto Burle Marx.  O paisagista jamais imaginaria que um local pensado como ponto de encontro e beleza iria se modificar tanto em  30 anos.

O projeto foi encomendado em 1970 pela direção do Departamento de Engenharia e Arquitetura da UFSC. A proposta original abrangia todo o campus da Trindade: seriam utilizadas 81 espécies vegetais, todas elas adaptadas ao clima catarinense. As calçadas e passarelas seriam cobertas por mosaicos portugueses e paralelepípedos. As rótulas, que ainda existem, também estavam no projeto para evitar a passagem de carros por dentro da Universidade.
 
Os recursos enviados pelo Governo Federal não foram suficientes para a conclusão da obra, que se limitou à Praça da Cidadania e aos canteiros em frente ao prédio do Básico (atual Centro de Comunicação e Expressão). Com as posteriores mudanças no Plano Diretor da UFSC, o projeto de Marx foi abandonado. Hoje, estima-se que 45% do projeto original da Praça não exista mais.

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Um dos coautores do projeto, o arquiteto José Tabacow diz que a Praça da Cidadania idealizada por Marx deveria ser um local de encontro, o centro do campus. “A gente pensou - e a própria Universidade pediu isso - que a praça fosse um lugar de convergência. Ali tinha a área de estar, bancos sob árvores, coisas que convidassem as pessoas para ficar”. Com a execução parcial da obra, Tabacow acredita que a praça deixou de ser um local de parada. “Com a mutilação do projeto, o que ficou ali foi uma área de passagem, e não uma área de estar”.

O professor de Arquitetura da UFSC, Cesar Floriano, dedica-se a estudar a obra de Burle Marx. Para ele, o paisagista pensava seus jardins como grandes obras de arte: uma grande pintura que privilegiasse as cores da vegetação brasileira, sua favorita.

Em 2000, Floriano orientou um Trabalho de Conclusão de curso que propunha a restauração da Praça de acordo com o projeto original. Até o final de 2009, o professor deve organizar um seminário que discuta com a Reitoria a realização da obra. De acordo com ele, o centenário do paisagista é uma ótima maneira de trazer a idéia a tona novamente. “Os jardins de Marx já são considerados patrimônio arquitetônico no Brasil, devem ser valorizados e restaurados”.

Ouça aqui a entrevista feita com um dos coautores do projeto da Praça da Cidadania, José Tabacow.