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Qua, 17 de Outubro de 2012 15:51

A cor da prevenção

Outubro Rosa conscientiza a população sobre o câncer de mama
 
Texto: Gabriele Duarte ( Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ) e Merlim Malacoski ( Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. )
 Foto: Rafaela Blacutt ( Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. )
 
Com o objetivo de alertar para a realidade atual do câncer de mama e para a importância do diagnóstico precoce, acontece até o fim do mês em todo o mundo o Outubro Rosa.  O movimento pretende conscientizar as mulheres sobre a necessidade do auto-exame e de mamografias regulares. Esse é o segundo ano em que a capital catarinense participa do Outubro Rosa - iluminando pontos turísticos e de grande circulação com a cor rosa e promovendo o debate sobre o tema.
O movimento mundial de mobilização Outubro Rosa recebeu a adesão do Poder Legislativo Catarinense, com apoio da Bancada Feminina e da comissão de Direitos e Garantias Fundamentais da Assembleia Legislativa do Estado. Na capital, a novidade é a iluminação da ponte Hercílio Luz, mantida de cor rosa durante todo o mês pela Celesc. Além de Florianópolis, outras quatro cidades do estado aderiram a causa: Balneário Camboriú, Blumenau, Itajaí, e Joaçaba.
 No Brasil, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que a doença será responsável por 52.680 novos casos até o fim do ano.  Segundo o Instituto Datafolha, 31% das mulheres brasileiras nunca realizaram uma mamografia e 14% não sabem como detectar o câncer. Essa realidade mostra que 60% das mulheres em tratamento do câncer de mama iniciaram quando os tumores já apresentavam estágio avançado. Cerca de 10 mil brasileiras morrem da doença a cada ano.
Para Wanda Maria Freiberger, presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, o mês de outubro ficou conhecido pelo mês da prevenção ao câncer de mama. “Foi a necessidade de alertar a mulher, para ela se cuidar. Porque quando precocemente descoberto, ele tem 95% de chance de cura”, explica. Ela ainda explica que para se prevenir, basta a mulher ficar atenta. “É muito importante que todo o mês a mulher se olhe. Ela vá no espelho e se olhe. Qualquer manchinha, qualquer alteração, procure um médico. Mas o mais importante é o exame anual a partir dos quarenta anos. Isso ela não pode deixar de lado”.
 
Desde 2011, a gratuidade da mamografia, oferecida pelo SUS, é garantida. De acordo com a aprovação da lei de autoria do deputado Ênio Bacci (PDT), toda a mulher com mais de 40 anos pode realizar pela rede pública o exame de detecção do câncer de mama.

Conscientização
Além de tornar as cidades mais rosadas, o Outubro Rosa propõe ações de conscientização acerca do câncer de mama e do câncer de cólo do útero. Em Florianópolis, lugares como o Terminal Integrado do Centro (TICEN) receberam a alegria de voluntárias dispostas a esclarecer e tirar dúvidas das mulheres sobre o assunto. 

O câncer de mama
Na maioria dos casos de câncer de mama não há uma causa específica. Há alguns fatores que estão associados ao aumento do risco de desenvolver a doença. A própria idade é um deles, pois a chance aumenta na medida em que se envelhece. Menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade (não ter filhos), primeiro filho em idade avançada, não amamentação e uso de terapia de reposição hormonal são fatores associados ao risco. Consumo excessivo de álcool, obesidade na pós-menopausa e sedentarismo também. Os fatores hereditários são responsáveis por menos de 10% dos cânceres de mama. O risco é maior quando os parentes acometidos são de primeiro grau (pai, mãe, irmãos, filhos).
 
O sintoma mais frequente é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor. Outros sintomas menos comuns são edemas semelhantes à casca de laranja, irritação ou irregularidades na pele, dor, inversão ou descamação no mamilo e descarga papilar (saída de secreção pelo mamilo). Podem surgir nódulos palpáveis na axila. A recomendação é que, diante da observação de qualquer alteração ou mudança nas mamas, se busque imediatamente a avaliação de um médico.
A partir da detecção, o tratamento é multidisciplinar, ou seja, deve incluir a opinião de vários especialistas médicos. Habitualmente, o tratamento pede cirurgia e é complementado pela radioterapia e quimioterapia/hormonioterapia.

Reconstrução mamária
O cirurgião plástico Henrique Müller realiza amanhã e sexta-feira um mutirão de reconstrução mamária na Casa de Saúde São Sebastião. Seis mulheres que estavam na fila de espera do SUS para a cirurgia serão operadas gratuitamente. A iniciativa também recebe o apoio de profissionais da Sianest - Serviços Integrados de Anestesiologia e da empresa Allergan que fornece as próteses mamárias.

O mutirão aconteceu pela primeira vez no ano passado, quando sete mulheres foram operadas por Henrique Müller. Graduado pelo INCa,  o médico conta que a ideia de realizar esse trabalho voluntário veio tanto de sua formação profissional quanto da experiência pessoal de sua mãe, que teve câncer de mama e ainda está em tratamento. “ Eu vivencio a doença como médico e como filho de uma paciente com câncer, por isso procurei uma maneira de ver minha mãe feliz com a possibilidade de eu ajudar outras pessoas”, conta Müller.

O tipo de cirurgia que será feita durante o mutirão é chamadas de reconstrução mamária tardia, uma vez que as mulheres já fizeram masectomia. Uma situação diferente daquela que Müller considera a mais adequada: que a reconstrução aconteça na mesma operação em que o seio é retirado.

O processo de reconstrução mamária acontece em três etapas: na primeira delas o implante de silicone é colocado e a pele das costas é “puxada para frente” para dar espaço e forma a mama; na segunda etapa é trabalhado o equilíbrio e a simetria das mamas; por fim, a útima etapa é a de reconstrução do mamilo.  Das seis mulheres que serão atendidas no mutirão, cinco vão se submeter ao primeiro procedimento e uma ao segundo.

Henrique Müller considera a  cirurgia plástica como uma fase importante do tratamento do câncer de mama, já que trata da questão da auto-estima das pacientes. “ O seio carrega uma simbologia muito grande para a mulher e quando ela perde uma mama ela se sente menos mulher.  A partir do momento que você restaura a forma e o volume acontece uma mudança muito grande no emocional”, explica o cirurgião.

História do movimento
O movimento popular conhecido como Outubro Rosa é comemorado em todo o mundo. O nome remete à cor do laço rosa, que simboliza a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades. O movimento começou nos Estados Unidos, onde vários estados executavam ações isoladas referentes ao câncer de mama e à mamografia no mês de outubro. Com a aprovação no congresso, o mês de outubro tornou-se o mês nacional (estadounidense) de prevenção do câncer de mama. Leia aqui mais informações sobre a história do Outubro Rosa.