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Ciganos na Beira-Mar

 Por Laryssa D'Alama e Nayara D'Alama

 

Um acampamento cigano montado na  avenida Beira-mar Norte em Florianópolis tem chamado a atenção de quem passa no local. O grupo, formado por três famílias, chegou ontem (20/09) na Ponta do Coral e já foi confundido como sendo uma manifestação contra o governo. Os ciganos afirmam que este é um acampamento comum e que não estão no local para fazer reinvidicações, mas não deixam de lutar por igualdade e pelo fim do preconceito. 

Os ciganos têm o costume de mudar o lugar de seus acampamentos de tempos em tempos. Antes de virem para a Beira-Mar o grupo estava no bairro do Rio Vermelho. "Já passamos por vários lugares, até para o Paraguai eu já fui", conta Rosemari Carvalho, integrante do grupo. A família, pertencente à etnia Kalon, tem três crianças: Rafael, Tainá e Tainan. Os dois últimos ainda não estão em fase escolar, mas Rafael, de oito anos, sim. "Estivemos um tempo em Blumenau, onde ele adorava a professora. Agora vou tentar matriculá-lo numa escola aqui perto", conta Rosemari.

O acampamento dispõe de equipamentos como fogão, geladeira, televisão e DVD, mas por enquanto não há eletricidade no lugar. O grupo está buscando água na casa de um pescador que mora na região e para se sustentar, eles vendem colchas, cobertores e ervas medicinais adquiridas em São Paulo.

Também está acampado no local Rogério da Silva, líder da comunidade cigana de Florianópolis. Rogério também faz parte da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para promover a Igualdade Racial de Florianópolis (COPPIR) e luta pelos direitos ciganos. "Só pelo fato de sermos ciganos há quem ache que estamos fazendo algo de errado. É necessário terminar com essa discriminação. Somos todos brasileiros, não?"

Clique nas fotos abaixo e veja as imagens do acampamento:


 Os ciganos e os direitos

O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 afirma: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza". O inciso XV diz que "é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens". Em 2004, o presidente Luís Inácio Lula da Silva aprovou 29 propostas que beneficiam o povo cigano durante a IX Conferência Nacional de Direitos Humanos, entre elas garantia de respeito, tratamento, direito e solidariedade iguais aos não ciganos, assegurar o respeito à cultura, garantir a inclusão do povo cigano em toda campanha de saúde e educação e às barracas ciganas o mesmo direito de inviolabilidade estabelecido às casas residenciais.

"O governo tem apoiado bastante nosso povo, mas ainda precisamos acabar com o preconceito, que é muito forte". Rogério diz que é permitido entrar no acampamento para falar com os ciganos, mas se algo que denigra a imagem do grupo for divulgado eles têm o direito de pedir indenização e até pedido de desculpas pública.

Em 2006 o presidente estabeleceu que 25 de maio é o Dia Nacional do Cigano.