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UFSC proíbe festas na Praça da Cidadania

Por Jessica Melo
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Cerveja barata, entrada gratuita e integração. Para estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), essas são as principais atrações das festas realizadas dentro do campus universitário da Trindade. Os eventos começaram a atrair pessoas de toda a cidade e com um espaço aberto e grande, o número de participantes já chegou a 13 mil. Excesso de ruídos e de pessoas, furtos e arrombamentos de veículos, comercialização indiscriminada de bebidas alcoólicas e degradação do patrimônio público. Esses são os motivos que levaram a administração da UFSC,  em memorando divulgado em 14 de abril de 2011, a proibir as festas universitárias realizadas na Praça da Cidadania e na concha acústica do campus. 

Embora a Resolução Normativa n.º 002/CUn/2009, de 27 de outubro de 2009, que trata da realização de festas na Universidade Federal de Santa Catarina, permita a realização dos “happy hours” organizados nos Centros de Ensino e estabeleça uma série de normas, como a proibição de venda de bebidas alcoólicas para menores e comércio de destilados e em garrafas de vidro, a realidade é bem diferente.

A última festa universitária foi o 12º Trote Integrado do Centro Tecnólógico (CTC) realizado dia 2 de abril na Praça da Cidadania. De acordo com a organização, foram vendidas 2700 canecas (300 por Centro Acadêmico) e distribuídos 9000 litros de cerveja. O lucro total foi entre entre R$20 e R$25 mil. Mariana Londero Becker, da 3ª fase de Biologia, afirma que dentre as festas da UFSC, essa é sua preferida. “Eu prefiro o clima das festas da UFSC por causa das pessoas, já que é todo mundo estudante, e principalmente porque o preço se encaixa no nosso orçamento. É muito bom socializar, conhecer gente da própria Universidade”. Com a divulgação cada vez maior dos eventos em redes sociais, quem não é estudante também pode participar. Felipe dos Santos, técnico em edificações, tem amigos que estudam na UFSC e sempre frequenta as festas “Às vezes eu estou sabendo das festas e eles não, porque participo da comunidade no Orkut e sou amigo no Facebook do 'Festas UFSC', em que há bastante divulgação”.

Segurança e limpeza
 
Para a autorização da festas era exigido que os serviços de banheiro químico e limpeza da área utilizada fossem providenciados pela comissão organizadora.Já os serviços segurança, poderiam ser contratados ou feitos pelo Departamento de Segurança Física e Patrimonial da UFSC (Deseg). Segundo o Gestor de Segurança Física, Douglas Dilli, o Deseg segue as orientações da Polícia Federal, para que não haja menos de 20 pessoas na segurança do evento. “Mesmo assim, não está cumprindo a demanda. A maior dificuldade é em relação ao fato de ser aberto, qualquer um pode entrar”, explica Dilli. O Deseg conta com cerca de 800 câmeras, mas apenas 50 estão funcionando. Para manifestar o descontentamento com a realização das festas e acúmulo de trabalho, dos 60 funcionários da segurança, 57 assinaram um abaixo-assinado contrário as festas e enviaram o documento à Reitoria.
 
Em 2010, 18 ocorrências de furtos de veículos foram registradas, 14 durante alguma festa. “Em uma das últimas festas que aconteceu no CSE, foram arrombados 15 veículos. Aliás, não se entende porque, mas a maioria das ocorrências durante festas não termina em boletim de ocorrência nesta central” , diz Valmor Vidal, agente de segurança do setor de investigação. O caso mais grave ocorreu em junho de 2006. A estudante Roberta Flores Rothbarth morreu após ser atropelada dentro da UFSC, durante uma festa realizada no bloco do curso de Arquitetura. Além dela, outras 5 pessoas também foram atropeladas pelo mesmo motorista.

Protestos

No ano passado, quando o assunto já gerava polêmica e a direção do Centro de Comunciação e Expressão restringiu o uso da Concha Acústica , que fica dentro da área do CCE, os CAs de Engenharia, Psicologia, Geologia, Cinema, Nutrição, Ciências da Computação, Letras, Economia, Design, Jornalismo e Física organizaram uma semana de festas entre os dias 28 de setembro a 01 de outubro, com o tema “a Concha é nossa”, criticando as restrições e pedindo a liberação. Na quinta, dia 5 de maio,o assunto volta a ser discutido numa assembleia às 12h no hall do Centro Tecnológico (CTC).

Para tentar chegar a um consenso, a administração da UFSC solicitou a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) um relatório sobre as ocorrências, que será enviado ao Conselho Universitário, o qual decidirá se a proibição é por termo indeterminado.